Blog: Qual é o seu legado?
E é nesse cenário permeado por um questionamento inquietador que dá-se início ao texto de hoje, falando sobre Legado, onde a reflexão trabalhada se faz presente atomizando, em metáfora física, um conceito que há muito tenho tentado compreender acerca da vida e nossa existência nesse plano metafísico transcendental. Seja por observação ou vivência individual, não há definição melhor para o tempo de uma vida, senão o que deixamos ao mundo enquanto vivendo e coexistindo, em meio a interfaces caóticas e aleatórias que deixam e levam marcas, cada um à sua maneira, em uma individualidade esplendorosa traduzida ao longo de nossa jornada existencial, fazendo-se valer por capilarização de vidas alheias, conscientes ou não, que à partir de conexões recorrentes dão sequencia ao fluxo natural da história; evoluindo, progredindo, transformando e sendo transformados em diluição mútua de almas, que deixam um pouco de si ao chegar, e levam um pouco do que foi experimentado ao partir, por intermédio de experiências únicas dotadas de capital simbólico que, a todo instante, pairam e se resignificam ao longo de nosso caminho.
E por assim dizer, a definição de legado só se faz verdade ao considerar que por bases sólidas esse valor foi forjado dia após dia, em acontecimentos e fatos dotados de capital sentimental no mais alto grau de sua representatividade, para que permeando as sinapses de um ser em eterna transformação, tenha-se condições de registrar em memória vívida os acontecimentos que navegam pairando a eternidade dentro da alma e coração, daqueles que tocam e são tocados por histórias de quem vive eternamente, sempre e enquanto, no outro se faz presente.
Chego a pensar que "Quem sou eu" ou "Qual é meu legado" já não faz mais parte de mim. É algo dividido entre momentos de alegria e tristeza oriundos de uma existência que se define por uma híbris de laços, traços e emoções contraditórias. E é nesse lugar protegido e a 7 chaves escondido, que encontro momentos de refujio ao lembrar das coisas que ensinei e de tudo que aprendi a cada novo amanhecer, a cada novo respirar e sopro de vida.
Ensinei minha irmã a ser mais forte e acreditar tanto nela mesma que chegou a desafiar ao mundo, a mim mesmo e a todos ao seu redor para então nunca mais duvidar de nada e nem ninguém. Já me queimei brincando com vela quando em casa faltava energia elétrica e criava formigas, dentro de um Castelo particular com formato de Pinico Azul sem guardas ou torres para vigiar. Já conversei com o espelho, inúmeras vezes, e em graus distintos de loucura questionei novamente, não por com o espelho querer conversar, mas por ouvir dele sempre e indubitavelmente uma resposta ao que me arriscava perguntar. Já quis ser advogado, dançarino, atleta, músico e escritor. Já me escondi atrás da cortina e por ali fiquei horas a fio, até alguém por mim vir procurar; ninguém apareceu; e sozinho decidi voltar a brincar. Já passei trote por telefone. Já roubei beijo, fui roubado também e já confundi sentimentos muitas e muitas vezes, e tenho a certeza de que ainda hoje, posso confundi-los mais uma vez. Andei por caminhos errados, andei por caminhos certos e acredito piamente que, independente do caminho que tenha decidido trilhar, andei e continuo a andar com os pés descalços, no vale do desconhecido onde um dia, ainda faço morada em um lugar. Com a tranqüilidade de um adulto e a certeza de que é assim que deve ser (e será!), já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer, então parei com tudo, e desisti de tentar. Já chorei trancado no banheiro, no quarto, de madrugada e dirigindo. Já fingi sorrir quando na verdade, por dentro, meu mundo inteiro estava caindo. Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas e, ainda que rodeado de amigos, senti falta de um só, uma só, só, sempre só... Já vi pôr-do-sol vermelho, rosa, amarelo e alaranjado em diversas partes do mundo. Conheci a hora mágica do sol, a luz da luz no amanhecer e a diferença que se pode fazer no todo, o passar de um mísero segundo. Já olhei a cidade de cima em aviões que eu mesmo ajudei a projetar e construir e, mesmo assim, nunca tive a certeza de onde é meu lugar no mundo. Já senti medo do escuro. Já quase morri de amor, e achei que morreria de verdade, para então entender, renascer, crescer e "sobreviver" para olhar com os olhos cheios de esperança e ternura mais uma vez. Chorei por ver amigos partindo, um a um, e descobri que, logo, novos chegaram trazendo consigo sonhos para partilhar e perseguir juntos nesse mundo.
Foram tantas coisas vividas e não vividas, lembradas, sonhadas e assistidas. Momentos fotografados pelas lentes da emoção e guardadas em local sagrado, para contemplação e contento, dentro do coração de quem ama mais que tudo, e sabe o valor que é a reciprocidade latente em vontade de amar e ser amado pelo lado de fora e de dentro.
Como tatuagem sobre a pele, meu legado se fez verdade em poesia escrita, esculpida no ar, versos cantados e declamados de quem vive em um mundo de imaginação peculiar. Permeando entre realidade e emoção, a vida que se leva é a única verdade que se pode pleitear viver. Como quem planta belezas e sorrisos quer enfim, colher e partilhar, assim também é meu legado: planto sorrisos, esperanças e jamais duvido de quem um dia, alguém uma máquina irá inventar, um aparelho metafísico qualquer, que saiba colher sonhos e projetos de um Infinito particular.
Leandro Silvério.
FOTO: ANDRE_PILLI
E é nesse cenário permeado por um questionamento inquietador que dá-se início ao texto de hoje, falando sobre Legado, onde a reflexão trabalhada se faz presente atomizando, em metáfora física, um conceito que há muito tenho tentado compreender acerca da vida e nossa existência nesse plano metafísico transcendental. Seja por observação ou vivência individual, não há definição melhor para o tempo de uma vida, senão o que deixamos ao mundo enquanto vivendo e coexistindo, em meio a interfaces caóticas e aleatórias que deixam e levam marcas, cada um à sua maneira, em uma individualidade esplendorosa traduzida ao longo de nossa jornada existencial, fazendo-se valer por capilarização de vidas alheias, conscientes ou não, que à partir de conexões recorrentes dão sequencia ao fluxo natural da história; evoluindo, progredindo, transformando e sendo transformados em diluição mútua de almas, que deixam um pouco de si ao chegar, e levam um pouco do que foi experimentado ao partir, por intermédio de experiências únicas dotadas de capital simbólico que, a todo instante, pairam e se resignificam ao longo de nosso caminho.
E por assim dizer, a definição de legado só se faz verdade ao considerar que por bases sólidas esse valor foi forjado dia após dia, em acontecimentos e fatos dotados de capital sentimental no mais alto grau de sua representatividade, para que permeando as sinapses de um ser em eterna transformação, tenha-se condições de registrar em memória vívida os acontecimentos que navegam pairando a eternidade dentro da alma e coração, daqueles que tocam e são tocados por histórias de quem vive eternamente, sempre e enquanto, no outro se faz presente.
Chego a pensar que "Quem sou eu" ou "Qual é meu legado" já não faz mais parte de mim. É algo dividido entre momentos de alegria e tristeza oriundos de uma existência que se define por uma híbris de laços, traços e emoções contraditórias. E é nesse lugar protegido e a 7 chaves escondido, que encontro momentos de refujio ao lembrar das coisas que ensinei e de tudo que aprendi a cada novo amanhecer, a cada novo respirar e sopro de vida.
Ensinei minha irmã a ser mais forte e acreditar tanto nela mesma que chegou a desafiar ao mundo, a mim mesmo e a todos ao seu redor para então nunca mais duvidar de nada e nem ninguém. Já me queimei brincando com vela quando em casa faltava energia elétrica e criava formigas, dentro de um Castelo particular com formato de Pinico Azul sem guardas ou torres para vigiar. Já conversei com o espelho, inúmeras vezes, e em graus distintos de loucura questionei novamente, não por com o espelho querer conversar, mas por ouvir dele sempre e indubitavelmente uma resposta ao que me arriscava perguntar. Já quis ser advogado, dançarino, atleta, músico e escritor. Já me escondi atrás da cortina e por ali fiquei horas a fio, até alguém por mim vir procurar; ninguém apareceu; e sozinho decidi voltar a brincar. Já passei trote por telefone. Já roubei beijo, fui roubado também e já confundi sentimentos muitas e muitas vezes, e tenho a certeza de que ainda hoje, posso confundi-los mais uma vez. Andei por caminhos errados, andei por caminhos certos e acredito piamente que, independente do caminho que tenha decidido trilhar, andei e continuo a andar com os pés descalços, no vale do desconhecido onde um dia, ainda faço morada em um lugar. Com a tranqüilidade de um adulto e a certeza de que é assim que deve ser (e será!), já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer, então parei com tudo, e desisti de tentar. Já chorei trancado no banheiro, no quarto, de madrugada e dirigindo. Já fingi sorrir quando na verdade, por dentro, meu mundo inteiro estava caindo. Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas e, ainda que rodeado de amigos, senti falta de um só, uma só, só, sempre só... Já vi pôr-do-sol vermelho, rosa, amarelo e alaranjado em diversas partes do mundo. Conheci a hora mágica do sol, a luz da luz no amanhecer e a diferença que se pode fazer no todo, o passar de um mísero segundo. Já olhei a cidade de cima em aviões que eu mesmo ajudei a projetar e construir e, mesmo assim, nunca tive a certeza de onde é meu lugar no mundo. Já senti medo do escuro. Já quase morri de amor, e achei que morreria de verdade, para então entender, renascer, crescer e "sobreviver" para olhar com os olhos cheios de esperança e ternura mais uma vez. Chorei por ver amigos partindo, um a um, e descobri que, logo, novos chegaram trazendo consigo sonhos para partilhar e perseguir juntos nesse mundo.
Foram tantas coisas vividas e não vividas, lembradas, sonhadas e assistidas. Momentos fotografados pelas lentes da emoção e guardadas em local sagrado, para contemplação e contento, dentro do coração de quem ama mais que tudo, e sabe o valor que é a reciprocidade latente em vontade de amar e ser amado pelo lado de fora e de dentro.
Como tatuagem sobre a pele, meu legado se fez verdade em poesia escrita, esculpida no ar, versos cantados e declamados de quem vive em um mundo de imaginação peculiar. Permeando entre realidade e emoção, a vida que se leva é a única verdade que se pode pleitear viver. Como quem planta belezas e sorrisos quer enfim, colher e partilhar, assim também é meu legado: planto sorrisos, esperanças e jamais duvido de quem um dia, alguém uma máquina irá inventar, um aparelho metafísico qualquer, que saiba colher sonhos e projetos de um Infinito particular.
FOTO: ANDRE_PILLI
Chego a pensar que "Quem sou eu" ou "Qual é meu legado" já não faz mais parte de mim. É algo dividido entre momentos de alegria e tristeza oriundos de uma existência que se define por uma híbris de laços, traços e emoções contraditórias. E é nesse lugar protegido e a 7 chaves escondido, que encontro momentos de refujio ao lembrar das coisas que ensinei e de tudo que aprendi a cada novo amanhecer, a cada novo respirar e sopro de vida.
Ensinei minha irmã a ser mais forte e acreditar tanto nela mesma que chegou a desafiar ao mundo, a mim mesmo e a todos ao seu redor para então nunca mais duvidar de nada e nem ninguém. Já me queimei brincando com vela quando em casa faltava energia elétrica e criava formigas, dentro de um Castelo particular com formato de Pinico Azul sem guardas ou torres para vigiar. Já conversei com o espelho, inúmeras vezes, e em graus distintos de loucura questionei novamente, não por com o espelho querer conversar, mas por ouvir dele sempre e indubitavelmente uma resposta ao que me arriscava perguntar. Já quis ser advogado, dançarino, atleta, músico e escritor. Já me escondi atrás da cortina e por ali fiquei horas a fio, até alguém por mim vir procurar; ninguém apareceu; e sozinho decidi voltar a brincar. Já passei trote por telefone. Já roubei beijo, fui roubado também e já confundi sentimentos muitas e muitas vezes, e tenho a certeza de que ainda hoje, posso confundi-los mais uma vez. Andei por caminhos errados, andei por caminhos certos e acredito piamente que, independente do caminho que tenha decidido trilhar, andei e continuo a andar com os pés descalços, no vale do desconhecido onde um dia, ainda faço morada em um lugar. Com a tranqüilidade de um adulto e a certeza de que é assim que deve ser (e será!), já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer, então parei com tudo, e desisti de tentar. Já chorei trancado no banheiro, no quarto, de madrugada e dirigindo. Já fingi sorrir quando na verdade, por dentro, meu mundo inteiro estava caindo. Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas e, ainda que rodeado de amigos, senti falta de um só, uma só, só, sempre só... Já vi pôr-do-sol vermelho, rosa, amarelo e alaranjado em diversas partes do mundo. Conheci a hora mágica do sol, a luz da luz no amanhecer e a diferença que se pode fazer no todo, o passar de um mísero segundo. Já olhei a cidade de cima em aviões que eu mesmo ajudei a projetar e construir e, mesmo assim, nunca tive a certeza de onde é meu lugar no mundo. Já senti medo do escuro. Já quase morri de amor, e achei que morreria de verdade, para então entender, renascer, crescer e "sobreviver" para olhar com os olhos cheios de esperança e ternura mais uma vez. Chorei por ver amigos partindo, um a um, e descobri que, logo, novos chegaram trazendo consigo sonhos para partilhar e perseguir juntos nesse mundo.
Foram tantas coisas vividas e não vividas, lembradas, sonhadas e assistidas. Momentos fotografados pelas lentes da emoção e guardadas em local sagrado, para contemplação e contento, dentro do coração de quem ama mais que tudo, e sabe o valor que é a reciprocidade latente em vontade de amar e ser amado pelo lado de fora e de dentro.
Como tatuagem sobre a pele, meu legado se fez verdade em poesia escrita, esculpida no ar, versos cantados e declamados de quem vive em um mundo de imaginação peculiar. Permeando entre realidade e emoção, a vida que se leva é a única verdade que se pode pleitear viver. Como quem planta belezas e sorrisos quer enfim, colher e partilhar, assim também é meu legado: planto sorrisos, esperanças e jamais duvido de quem um dia, alguém uma máquina irá inventar, um aparelho metafísico qualquer, que saiba colher sonhos e projetos de um Infinito particular.
Leandro Silvério.
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