Conto autoral: Inseto
Em uma família do Interior: pai, mãe, filha e avô. Entre eles, nada cabia além da rotina. A lida do trabalho no campo é sofrida. Acordar cedo todos os dias e o descanso merecido sempre e quando, ouvia-se ao longe as badaladas do sino da igreja que anunciava: já é meio-dia.
Sem TV ou qualquer outro aparato de tecnologia, compartilhavam realidades distintas em conversas calorosas e aguerridas. No entorno da fogueira, sempre e quando o Prefeito da cidade uma nova lei transcrevia. Era uma via boa, calma e pacífica.
Os anos se passaram e entre chegadas e partidas, um novo ente querido chegara para compor a família. De semblante pacifista, primo vindo da cidade grande não podia ser coisa bem quista. Em contraponto imposto pelo choque face a nova realidade que se via, aos poucos foi criando apreço pela rotina de acordar cedo e trabalhar no campo, aproveitando o ar puro e calor orgânico da natureza apreciada pela janela da alma todos os dias.
Para a cidade grande nunca mais quero voltar, ele dizia. A vida no campo é boa, sempre e quando bem vivida. Quisera eu nunca perder o apreço pelo mundo, em verdade absoluta e profunda tal qual tenho experimentado nesses dias. O cansaço imposto pelo trabalho me fez pessoa mais branda, de alma perene e tranquila.
Final de ciclo após longos dias, eis que é chegada a hora da partida. O primo vindo da cidade grande voltará ao seu local de origem, levando na bagagem muito do que aprendera sobre a rotina de quem com os pés descalços edifica a trilha da própria vida.
Na cidade grande tudo era assim: cronometrado em tempo real, monitorado do início ao fim. E sem saber lidar com a comparação que houvera agora instituído, resolveu fazer morada no quintal de sua própria casa e dividir espaço com a lua, lagartos e mosquitos.
Observava vaga-lumes que se misturavam com as luzes de prédios altos, arranhando o céu em construções que com a ponta dos dedos, fingia ele poder mover para o lado e alcançar visão clara do infinito.
Deitado as margens da piscina, insetos que antes passavam despercebidos eram salvos um a um por esse homem transformado; transmutado e amadurecido. Pautado por sua velha-nova rotina, com os olhos do campo ele tem agora no coração uma certeza que antes não tinha: assim como houvera sido salvo pelos cuidado de outrem em sua vida, experimenta hoje com maestria o dom de tocar e ser tocado, na certeza de que seus atos influenciam enormemente e tem poder de transformação do meio em que habita.
Em uma família do Interior: pai, mãe, filha e avô. Entre eles, nada cabia além da rotina. A lida do trabalho no campo é sofrida. Acordar cedo todos os dias e o descanso merecido sempre e quando, ouvia-se ao longe as badaladas do sino da igreja que anunciava: já é meio-dia.
Sem TV ou qualquer outro aparato de tecnologia, compartilhavam realidades distintas em conversas calorosas e aguerridas. No entorno da fogueira, sempre e quando o Prefeito da cidade uma nova lei transcrevia. Era uma via boa, calma e pacífica.
Os anos se passaram e entre chegadas e partidas, um novo ente querido chegara para compor a família. De semblante pacifista, primo vindo da cidade grande não podia ser coisa bem quista. Em contraponto imposto pelo choque face a nova realidade que se via, aos poucos foi criando apreço pela rotina de acordar cedo e trabalhar no campo, aproveitando o ar puro e calor orgânico da natureza apreciada pela janela da alma todos os dias.
Para a cidade grande nunca mais quero voltar, ele dizia. A vida no campo é boa, sempre e quando bem vivida. Quisera eu nunca perder o apreço pelo mundo, em verdade absoluta e profunda tal qual tenho experimentado nesses dias. O cansaço imposto pelo trabalho me fez pessoa mais branda, de alma perene e tranquila.
Final de ciclo após longos dias, eis que é chegada a hora da partida. O primo vindo da cidade grande voltará ao seu local de origem, levando na bagagem muito do que aprendera sobre a rotina de quem com os pés descalços edifica a trilha da própria vida.
Na cidade grande tudo era assim: cronometrado em tempo real, monitorado do início ao fim. E sem saber lidar com a comparação que houvera agora instituído, resolveu fazer morada no quintal de sua própria casa e dividir espaço com a lua, lagartos e mosquitos.
Observava vaga-lumes que se misturavam com as luzes de prédios altos, arranhando o céu em construções que com a ponta dos dedos, fingia ele poder mover para o lado e alcançar visão clara do infinito.
Deitado as margens da piscina, insetos que antes passavam despercebidos eram salvos um a um por esse homem transformado; transmutado e amadurecido. Pautado por sua velha-nova rotina, com os olhos do campo ele tem agora no coração uma certeza que antes não tinha: assim como houvera sido salvo pelos cuidado de outrem em sua vida, experimenta hoje com maestria o dom de tocar e ser tocado, na certeza de que seus atos influenciam enormemente e tem poder de transformação do meio em que habita.
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